Avenida Marquês de São Vicente, 576 - Cj. 2207 e 2208, Barra Funda - São Paulo/SP

Mais do que prestação de serviços...

Uma parceria!

Lugar de mulher é na Contabilidade

Os números são claros: A presença de mulheres na classe contábil vem crescendo nos últimos anos. De 1996 a 2019, a quantidade de contadoras no mercado de trabalho passou de 27,45% para 42,77%.

Os números são claros: A presença de mulheres na classe contábil vem crescendo nos últimos anos. De 1996 a 2019, a quantidade de contadoras no mercado de trabalho passou de 27,45% para 42,77%. Dentro do Sistema CFC/CRCs, outros dados podem ser destacados. Hoje, esse universo conta com três vice-presidentes no Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e dez mulheres à frente de Conselhos Regionais (CRCs) sediados em todas as regiões do país.

"Vejo o aumento das mulheres na contabilidade como algo de grande importância, principalmente, quando falamos de liderança. Isso demonstra que a criação do Movimento da Mulher Contabilista no passado gerou frutos”, ressalta a presidente da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC), Maria Clara Bugarim.

Pioneira em diferentes momentos de sua carreira, Bugarim foi a primeira presidente mulher do CRCAL, da Fundação Brasileira de Contabilidade, do CFC, da ABRACICON e da Associação Interamericana de Contabilidade, onde está atualmente. Fora do âmbito das entidades de classe, foi a primeira mulher a ser Auditora-Geral do Estado do Alagoas.

Ao observar sua caminhada, a contadora diz sentir alegria por abrir espaço para as outras gerações. “Eu não vejo tudo isso de forma envaidecida. Na verdade, o que me deixa feliz é observar que outras mulheres chegam e ocupam esse espaço. A partir do momento que essas oportunidades foram dadas, essa resposta é natural. O movimento se consolidou graças àquelas que lutaram no passado", relata.

A vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CFC, Contadora Sandra Maria de Carvalho Campos, ressalta que na área contábil a presença feminina é valorizada. “Temos a sorte de ter uma profissão em que o fator sexo não é preponderante. Em quase 40 anos de formada, nunca percebi ou sofri discriminação na minha profissão por ser mulher. Até nisso a contabilidade se destaca: nela o que vale é a competência e não o sexo do profissional”, afirma.

A mesma opinião é compartilhada pela vice-presidente de Registro do CFC e primeira presidente do CRC Paraná, Contadora Lucélia Lecheta, que considera ter seu espaço na área. “Eu gosto sempre de ressaltar que eu tive sempre o apoio dos homens, tanto dos conselheiros como dos profissionais da contabilidade do sexo masculino, que nunca viram em mim uma pessoa, por ser mulher, menos preparada ou mais frágil.”

O trabalho focado na busca pela valorização das contadoras faz parte da história do Sistema CFC/CRCs. Um exemplo disso é a atuação da Comissão Nacional da Mulher Contabilista. Criada há cerca de 30 anos, a iniciativa visa promover a participação da mulher no desenvolvimento da profissão contábil, incentivar seu lado empreendedor, sua participação na política e estimular a sua efetiva contribuição à vida social e política do país.

De acordo com a presidente da Comissão, a contadora e Conselheira do CFC Nilva Amália Pasetto, as atividades desse movimento impactaram positivamente na presença feminina na área. “Incentivou milhares de mulheres a buscar a contabilidade e a ocupar seus espaços nas lideranças das entidades da classe”, pontua.

Nilva Pasetto explica como é a dinâmica da Comissão Nacional, que engloba o Brasil todo. “Em cada Estado e Distrito Federal, temos uma coordenadora que, dentro das diretrizes gerais da comissão nacional, respeitando o perfil do seu público, promove reuniões, debates, seminários com temas técnicos, comportamentais e de gestão com uma visão inovadora e inclusiva dando oportunidade para as mulheres discutirem sobre seu papel como protagonistas de causas transformadoras para que se sintam preparadas para as mudanças.”

Mulheres mais números mais liderança é igual à eficácia

Se para alguns os traços comportamentais do gênero feminino são vistos, de forma preconceituosa, como um obstáculo no mercado de trabalho, a Presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Pernambuco, contadora Dorgivânia Arraes, destaca as características que tornam as mulheres líderes de sucesso. “A mulher tem habilidades que direcionam ao pensamento horizontal, encorajando seus filhos, a família, os colaboradores. Sempre pré-disposta às mudanças, a mulher exerce a resiliência diariamente, fortalecendo a identidade do grupo ao qual está inserida, porque pensa de forma equilibrada, sensível, sempre contribuindo para uma sociedade mais justa, humana e pautada nos princípios éticos”, afirma.

Já a vice-presidente Sandra Campos fala das qualidades que tornam o sexo feminino habilidoso com as funções mais técnicas. “Talvez a nossa atenção a detalhes, a paciência e a capacidade de lidar com vários fatores ao mesmo tempo, sem perder o foco em nenhum deles. Gosto de dizer que só as mulheres sabem usar os cinco sentidos ao mesmo tempo e, ainda, estar sintonizadas caso o sexto sentido se manifeste”.

É importante destacar que, atualmente, contadoras de diferentes gerações, assim como as futuras profissionais, são representadas por um número crescente de mulheres que ocupam postos de impacto na sociedade.

A oportunidade de ocupar cargos de liderança em sua carreira é vista com orgulho pela vice-presidente de Controle Interno do CFC, contadora Vitoria Maria da Silva. “Significa o reconhecimento da categoria ao trabalho que desenvolvi nas entidades de classe. Como dizem que os melhores líderes são aqueles que, quando se vão, deixam no lugar pessoas que os superem com folga, acredito que comigo foi assim no sindicado, onde fui a primeira mulher a presidi-lo, e, no CRCRJ, onde ocupei diversos cargos, de suplente à presidência.”

Além das líderes do Sistema CFC/CRCs, outras mulheres vêm sendo referência para classe contábil. Uma delas é a Subsecretária de Contabilidade Pública da Secretaria do Tesouro Nacional, Gildenora Batista Dantas Milhomem, que sabe descrever bem os diferenciais femininos ao desempenhar seus trabalhos, seja no campo público ou privado. “A mulher tem um diferencial, ela tem alguns atributos, algumas características pessoais que fazem a diferença no mercado, dentre eles, ela é um pouco mais minuciosa, detalhista, mas sem perder a celeridade e a agilidade nessa entrega. Ela, por sua vez, também tem um senso de responsabilidade aguçado, uma responsabilidade inclusive social, por desempenhar vários papéis ao mesmo tempo, de mulher, de profissional, de mãe, de esposa, de filha. Atuante no mercado, ela se vê também nessa facilidade de transitar entre esses vários papéis e fazer as suas devidas entregas”.

Quem reforça essa lista de mulheres que inspiram é a diretora de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes (FAPMP) do Ibracon, Monica Foerster. Experiente na dinâmica do mercado de trabalho, ela fala da capacidade feminina para os cargos de comando. “Mulheres em cargos estratégicos e de liderança geram exemplo e estímulo a outras mulheres, dentro de uma visão de sororidade. Os desafios enfrentados pelas mulheres ainda são muito relevantes e a identificação permite um fortalecimento e valorização das mulheres em todos os níveis. Na sociedade, o impacto é geral e perceptível. Mulheres endereçam um tom distinto, através da empatia e da integração entre todos, o que produz uma otimização dos resultados alcançados e um processo mais fluido e holístico.”

Próximos passos

A Conselheira Nilva Pasetto é taxativa ao falar sobre os novos capítulos que precisam ser escritos sobre as conquistas femininas. “Como diz o ditado popular, ‘lugar de mulher é onde ela quiser’. Concordo. Ela pode estar onde quiser, no entanto, ainda temos discrepância. O rendimento médio mensal é 22% menor do que o dos homens, refletindo inclusive na sua aposentadoria; políticas públicas se esquecem de focar em necessidades das mulheres, como exemplo, a falta de creches que tira a mulher do trabalho”, recorda.

A crescente presença feminina em cargos que, nosso passado, tinham prevalência de homens é um dos caminhos para a mudança de mentalidade da sociedade. É isso que diz a presidente do CRCRS, Ana Tércia Lopes Rodrigues. “Estamos vivendo um período de mudanças profundas na sociedade e no ambiente empresarial. Ao chegarmos nesses espaços de poder com segurança, maturidade e competência técnica, passamos a mensagem que estamos preparadas para os desafios e que temos muito a contribuir em todos os setores da economia”, afirma.

A vice-presidente Lucélia Lecheta acredita na integração entre todos nessa caminhada. “Eu sigo com o mesmo pensamento: Juntos somos mais fortes, temos que trabalhar homens e mulheres sempre unidos.”